sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Casas abandonadas

 

Saint Etienne

 

 

 

 

 

 

 

É normal que a palavra abandonada  nos dê uma ideia de algo ruim ou tenha um conceito negativo,  o abandono nos dá a impressão de  desperdício, mas para mim isso nunca foi assim.
Desde pequena sempre tive fascínio por lugaressorrento italia abandonados, pela beleza como a natureza transforma um lugar depois que os humanos foram embora.
É como se a vida pudesse retomar seu curso, independente do que foi feito pelo homem, os musgos, ervas daninhas, as flores, arbustos e até árvores vão lentamente  crescendo, vivendo e tomando conta do lugar abandonado, e cobrem de beleza o que se tornou feio pelo descaso, então toda a paisagem se transforma em beleza, em mata, floresta.ruinas

 

 

E cada um desses lugares guardam sua história, suas lembranças escondidas nas paredes, muros onde a vida retoma seu lugar desordenado, numa organização que só a natureza é capaz de fazer.

 

Desde muito pequena as casas abandonadas me fascinavam pelas plantas que nasciam nas frestas, pelas flores que enfeitavam o que era feio. Encobria qualquer vestígio do passado, da vida de outras pessoas, numa força verde e contínua, num tapete alto de musgos verdes.

Estrada de ferro, na França

Quando toda vida e morte deserda do lugar,  é nessa hora que o abandono se torna memória, é quando até quem ali viveu ou construiu já não existe, mas sobrevive no verde que cresce como uma homenagem  à vida que continua.
Pois o tempo não para, nem te espera, nem envelhece; se renova a cada chuva, a cada  manhã de sol e reconta os desalentos da humanidade.

 

Klevem, na Ucrânia

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Quero

 

Quero que todos os dias do ano
todos os dias da vida
de meia em meia hora
de 5 em 5 minutos
me digas: Eu te amo.

Ouvindo-te dizer: Eu te amo,
creio, no momento, que sou amado.
No momento anterior
e no seguinte,
como sabê-lo?

Quero que me repitas até a exaustão
que me amas que me amas que me amas.
Do contrário evapora-se a amação
pois ao não dizer: Eu te amo,
desmentes
apagas
teu amor por mim.

Exijo de ti o perene comunicado.
Não exijo senão isto,
isto sempre, isto cada vez mais.
Quero ser amado por e em tua palavra
nem sei de outra maneira a não ser esta
de reconhecer o dom amoroso,
a perfeita maneira de saber-se amado:
amor na raiz da palavra
e na sua emissão,
amor
saltando da língua nacional,
amor
feito som
vibração espacial.
No momento em que não me dizes:
Eu te amo,
inexoravelmente sei
que deixaste de amar-me,
que nunca me amastes antes.

Se não me disseres urgente repetido
Eu te amoamoamoamoamo,
verdade fulminante que acabas de desentranhar,
eu me precipito no caos,
essa coleção de objetos de não-amor.

 

Carlos Drummond de Andrade

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Talvez seja esse, o charme da nossa geração.


Dá conversa hoje com um amigo de adolescencia nasceram essas palavras:

É, nós somos de uma geração muito especial
Nós que completamos 50 anos em 2014, e quem tem um bocadinho menos ou um cadinho mais, somos o elo
que une o antigo e o novo tecnológico!!
A gente pode transitar nos dois mundos com desenvoltura e intimidade!
E Podemos sim.
Pois temos a sensibilidade, a nostalgia, a música e o flerte de outrora, aliados à contemporaneidade automatizada de hoje.
Diferente dos nossos filhos, nós brincamos com a velocidade e a frieza do presente, porém, com muito mais poesia.
E indo bem longe, desfrutamos os dois mundos com a mesma intensidade.

terça-feira, 11 de março de 2014